domingo, 24 de março de 2013

O VERDADEIRO PARTIDO DA DIREITA BRASILEIRA


Por Ademário Sousa Costa*

“O que é ruim a gente esconde o que é bom à gente fatura”. Rubens Ricupero, então ministro da economia, em 1994, referindo-se ao tratamento que o governo federal e a imprensa brasileira davam ao “Plano Real”, garoto propaganda, que ajudou sobremaneira na primeira eleição de FHC. Sem saber que o sinal de TV estava aberto, Ricupero acabou proferindo uma frase que estampa as relações que o cartel da mídia estabeleceu historicamente com a política Brasileira.

As relações entre a burguesia e os meios de comunicação estão expressas nesta equação de forma que, invariavelmente o que é bom para o cartel é ruim para o povo, e o que é bom para o povo é ruim para o cartel. Aqui, cartel, refere-se ao fato de que apenas 11 famílias controlam a maior parte da informação veiculada por meio televiso, radiofônico ou impresso. Esta concentração não representa a pluralidade de ideias e opiniões que existe na sociedade brasileira e está na contramão dos anseios democráticos que esta mesma impressa finge defender.

Não há liberdade de imprensa, nem liberdade de opinião, não há liberdade alguma, quando apenas o pequeno núcleo de uma classe pode decidir o que é melhor para que outras centenas de milhões vejam, ouçam e leiam. A participação da imprensa nas eleições 2012 foi mais um capítulo desta triste novela, protagonizada pelo baronato da mídia.

O imenso complexo privado de telecomunicações no Brasil começou a tomar forma sobre os auspícios da ditadura militar. Ao longo dos anos a relação da mídia com o PT foi sendo transformada. No período da redemocratização apresentou o PT como o “Perigo Comunista”, ateus que queriam tomar as casas, as economias e os bens dos brasileiros. Curioso é que, quem confiscou a poupança do povo foi o então presidente Fernando Collor, eleito com uma mãozinha da rede Globo.

Em um segundo momento quando a atuação nos movimentos sociais, a ação diferenciada no parlamento e as boas experiências de gestão do modo petista de governar, transformaram o PT, no partido preferido da classe trabalhadora, levando o partido à presidência da Republica, o cartel mudou de tática procurou demonstrar que o PT era um partido igual aos outros, com os mesmos males e as mesmas práticas, que o partido sempre condenou.

Mas uma vez, não adiantou. O PT não só reelegeu o presidente Lula, como também elegeu Dilma Roussef, a Primeira mulher presidenta do Brasil. Agora estamos em uma terceira fase desta relação. Desesperado com os constantes fracassos eleitorais de seus partidos o setor da Burguesia que controla a mídia tomou para si a tarefa de exercer ela mesma o papel de partido de oposição.

E sem floreios, rodeios ou rapapés, passou a investigar, fiscalizar, denunciar, julgar, sentenciar e prender. Fazendo com as próprias mãos a justiça que o povo não referenda nas urnas. Nesta fase o PT não é mais apresentado como o perigo vermelho, nem como um partido igual aos outros, o PT, segundo o cartel, é o partido “mais corrupto do Brasil” protagonista do “maior escândalo da história”, agora o PT é pior que os outros.

Nas eleições 2012, o julgamento da ação penal 470 (mensalão) foi explorado pela cobertura da imprensa, ao ponto de enodar o debate político, ao invés de cumprir sua função social facilitando o livre debate de idéias, suprimiu das eleições a própria política, obliterando o verdadeiro debate que deveria pautar as eleições municipais. A saber: a questão dos modelos de desenvolvimento das cidades e os diferentes projetos em curso.

Um vazio monocórdio tomou conta de todos os noticiários, cujo efeito mais latente foi semear a desesperança e incentivar o afastamento de amplas massas do processo eleitoral. Efeito colateral do alto grau de despolitização sugestionado e operacionalizado pela grande mídia. Este setor prestou um desserviço ao país, mas uma vez contribuindo para afastar a população da política, dos políticos e dos partidos. Não foi a toa o aumento da abstenção, nulos e brancos registrado nestas eleições em todo Brasil.

Ao mesmo tempo em que usufruem da cartelização do sistema de comunicações, os barões da mídia rejeitam qualquer proposta de controle social dos meios. Utilizam-se do aparato montado à custa dos brasileiros, para tachar como censura, ameaça à democracia, ou imposição do governo, qualquer proposta de democratização do direito a comunicação. Agindo sempre no sentido de preservar o monopólio de que dispõe.

Infelizmente a politica de distribuição de verbas publicitárias do governo Federal age no sentido de reforçar este quadro de concentração de poder, 70% da verba disponível para a publicidade vão parar não mãos dos dez (10) maiores veículos de comunicação, todos de oposição ao projeto do PT.

Segundo a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, só a Globo recebeu mais de 50 milhões de um total de 161 milhões repassados pelo atual governo até setembro de 2012. Enquanto existem 20.000, pedidos de autorização de rádios comunitárias em tramitação, 7.559 pedidos arquivados, 3.536 pedidos negados e apenas 3.652 pedidos atendidos em dez anos. Nos últimos cinco anos 6.716 rádios foram fechados pela ANATEL e Policia Federal.

Este quadro, revelador de dificuldades para a organização comunitária e a concentração na distribuição de verbas publicas, só reforça a monopólio em forma de cartel, alimentando o maior partido de oposição do país ao mesmo tempo em que são reprimidos os movimentos e as organizações comunitárias por tentaram democratizar o direito a comunicação.

Cabe ao PT defender e lutar pela democratização e pelo direito à comunicação, fortalecer a defesa do controle social da mídia como previsto no plano nacional de direitos humanos, implementar a democratização da distribuição das verbas publicitárias onde é governo e constituir uma imprensa e meios de comunicação sobre controle dos trabalhadores(as) e das forças sociais do projeto democrático e popular.

*Membro do Diretório Estadual do PT da Bahia.

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